Ao chegar lá, para minha infelicidade, vi que ela não estava, então fui até o jardim esperar um pouco. Sentei no balanço que construí com meu pai e olhei ao redor aquelas mesmas árvores carregadas de frutas, aquele mesmo cheiro de plantas e aquele mesmo barulho de insetos. Por um minuto, fechei os olhos e um filme da minha vida me pela cabeça.
Com 05 anos de idade, eu fugindo do banho, me escondendo entre as árvores e minha mãe furiosa; ou meu pai contando histórias de quando ele era marinheiro. Se deixasse, eu ficava horas escutando ele falar. Mais tarde, aos 10 anos, tenho ampla recordação de meus irmãos subindo nas árvores e acabando com as jabuticabas que virariam geleia, também quando a família se reunia aos domingos e íamos todos almoçar no jardim. Eram tantos risos e tantas histórias!
Na adolescência, o que mais me marcou ali foi quando soube que meu tinha morrido. Descontrolada, na tristeza mais profunda, chorei e chorei até não aguentar mais, Só aquela natureza pôde me consolar. Mas nessa época também tivera momentos felizes, como quando levava meu namoradinho da escola para o jardim e ficávamos fazendo mil planos para o futuro e sonhando acordados ao pôr do sol.
Mais tarde, eu tive de fazer faculdade e partir daí raramente tive momentos nessa casa, ais especificamente no jardim. Risos, choros, alegrias, tristezas, histórias, muitas histórias aconteceram lá. A raiz da minha vida está toda ali, assim como as sementes da minha existência, que foram plantadas, cresceram e só geraram bons frutos. Apesar dos problemas do dia a dia, tenho orgulho de quem sou, da família que constituí, quero que meus filhos colham também apenas coisas boas.
Minha mãe chega, dou-lhe um enorme beijo e volto para casa feliz e disposta a semear essa mesma felicidade no coração de quem eu amo.
Larissa Lopes.
